IV Congresso da Rede Nacional de Estudos Culturais
Chamada de Trabalhos

As propostas de comunicação devem ser enviadas até 15 de abril de 2025
Está aberta a chamada de trabalhos para o IV Congresso da Rede Nacional de Estudos Culturais (RNEC). O Congresso tem como tema “Os Estudos Lusófonos e Ibero-americanos como campo de investigação na Ciência, na Cultura e nas Artes” e reúne, na Universidade Lusófona, em Lisboa, professores e investigadores, nacionais e internacionais, dedicados aos Estudos Culturais.
Em 2011, com data de 7 de julho, o Conselho Científico das Ciências Sociais e Humanidades (CCCSH) da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), presidido por José Mattoso, elaborou um programa sobre a estratégia científica nacional para as Ciências Sociais e Humanas, tendo em vista o desenvolvimento e a consolidação desta vasta área científica (Mattoso et al., 2011). Para o elaborar, este Conselho Científico reuniu-se com os responsáveis das 132 unidades de investigação, então existentes nesta vasta área transdisciplinar, o que nunca havia acontecido na história da FCT e não mais voltou a acontecer até ao dia de hoje.
Entre as recomendações feitas neste documento do CCCSH da FCT, encontramos:
(1) A aceitação do português e do espanhol, a par do inglês, como línguas de publicação;
(2) A promoção da cooperação científica com os povos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP);
(3) A promoção da cooperação científica também com os países da bacia mediterrânica e com países emergentes, com os quais Portugal mantém laços históricos e culturais; e finalmente
(4) A inclusão da autoria conjunta de trabalhos científicos por investigadores destes espaços científicos nos indicadores de internacionalização.
Ao escolher para tema do IV Congresso da Rede Nacional de Estudos Culturais (RNEC) “O Espaço Lusófono e Ibero-americano como campo de investigação na Ciência, na Cultura e nas Artes”, a Universidade Lusófona e o seu centro de estudos, o Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias - CICANT, numa parceria com o Centro de Comunicação e Letras, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, e com o Museu Virtual da Lusofonia, da Universidade do Minho, convidam a comunidade nacional de Estudos Culturais a refletir, procurando dar resposta às seguintes questões:
- Que caminhos são os da construção das identidades lusófonas e ibero-americanas no ciberespaço e na comunicação interpessoal quotidiana, entre falantes das línguas portuguesa e espanhola?
- De que forma os avanços da globalização e das tecnologias da informação e da comunicação, por um lado, e as experiências migratórias, por outro, reconfiguram as narrativas lusófonas e ibero-americanas?
- Como é que as narrativas e os imaginários lusófonos e ibero-americanos são moldados pelas diversas pertenças sociais (por exemplo, em termos de nacionalidade e etnicidade) e pelas experiências de diáspora?
Salientamos, por outro lado, que o IV Congresso da RNEC conta, a nosso convite, com a presença de um conjunto de investigadores, em representação de universidades europeias, que connosco desenvolvem projetos de investigação em Estudos Culturais. A presença e a intervenção destes investigadores no IV Congresso da RNEC constitui o primeiro passo da constituição de uma Rede Europeia de Estudos Culturais (ENICS).
Painéis temáticos
É para os painéis temáticos que devem ser apresentadas as propostas de comunicações, com um resumo, em português e inglês.
1. As tecnologias digitais – a comunicação, as culturas e as artes
As narrativas contemporâneas refletem a nossa atual experiência, dando-nos a ver paisagens tecnológicas que exprimem atmosferas sensíveis e sociais melancólicas, próprias de um tempo marcado pela competição e a mobilização total para a o mercado. Este imaginário de formas melancólicas decorre, com efeito, da fusão de técnica e vida (techne e bios), técnica e emoção (techne e aesthesis) e técnica e mito (techne e arche). Ao mesmo tempo, estas transformações tecnológicas digitais permitem a exploração de novos territórios, a realização de novas experiências e a obtenção de novos conhecimentos. Trata-se de um movimento que hibrida a tecnologia com o humano e a cultura e se manifesta em plataformas como sites, blogs, repositórios digitais, podcasts, museus virtuais e realidades imersivas.
2. Colonialismo, pós-colonialismo e decolonialidade
Colonialismo, neocolonialismo, pós-colonialismo e decolonialidade são consequências que decorrem da complexidade do processo de interpenetração de povos e culturas. Nestas circunstâncias, o movimento transcultural e transnacional, lusófono e ibero-americano, de interação entre nós e o outro, tanto pode traduzir o encontro como, de igual modo, a assimilação e a dominação.
No debate sobre colonialismo, pós-colonialismo e decolonialidade, são realidades a ter em conta os arquivos e os museus, assim como são centrais os temas da desconstrução da episteme ocidental, dos ativismos pós-coloniais e decoloniais, e das reparações históricas. Todos estes meios contribuem para a ressignificação da memória histórica.
Por outro lado, enquanto o colonialismo impôs epistemologias, economias e estruturas políticas, que redefiniram sociedades, o pós-colonialismo e a decolonialidade emergem como formas de desconstrução do passado e de reconstrução do presente. O pós-colonialismo problematiza as heranças coloniais persistentes e os legados do imperialismo. E a decolonialidade, por sua vez, combate a hegemonia dos modelos ocidentais e promove epistemologias alternativas, fundamentadas em saberes locais e ancestrais.
3. Identidades transculturais e transnacionais - identidades híbridas
As identidades transculturais e transnacionais desafiam a noção de unidade, deslocando-nos de uma metafísica essencialista para um movimento dinâmico e descontínuo. Hoje, é a fluidez e a intermitência que define a experiência identitária. Os seres humanos são atravessados por múltiplos fluxos culturais e por experiências de deslocamento, o que os leva a habitarem a fragilidade, a incerteza e a vulnerabilidade. Por sua vez, as tecnologias digitais, as migrações e as interações transnacionais transformam fronteiras e influenciam a emergência de identidades híbridas, habitadas por múltiplas referências culturais, linguísticas e históricas. Essa hibridação identitária nunca acontece de forma harmoniosa ou linear, sendo antes marcada por tensões, assimetrias de poder e negociações constantes. As identidades tornam-se, então, um espaço de trânsito, um processo inacabado, aberto à reinvenção e sempre em transformação.
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